Somente agora, aos 58 anos, é que
estou começando a entender a máquina pública. Um sistema que levou dezenas de
milhares de anos para evoluir-se e chegar onde estamos.
Não importa o regime político em
que ela está fundada, ela é, e sempre será a “máquina pública”. Um monstro que
se esconde sob o manto da governança da “coisa” pública, ou, da coisa do
cidadão, do patrimônio do cidadão. Este “monstro” criou para si mesmo uma
blindagem que impede os donos de fato (o povo, ou, cidadãos), de interferirem
na gestão dos seus próprios bens (a coisa pública).
Enquanto assistia o jornal “Bom
Dia...”, às 06 da manhã, deparei-me com uma reportagem em que um secretário
tentava explicar porque os cidadãos não conseguiam realizar suas inscrições no
Cadastro Único, do governo federal.
Bom, começamos pela falta de
estratégia, planejamento, treinamento do pessoal para atendimento, criação de
impedimentos, desorganização, desinteresse, e muito mais que não quero, nem
precisa enumerar aqui.
Uma fila quilométrica de pessoas,
gestantes, anciãos de todas as melhores idades, jovens, gente gorda, magra,
doentes, cadeirantes, etc. Expostas ao tempo instável, sobre o chão batido ou
sobre calçadas quebradas, esperando para serem atendidas por dois funcionários
assentados em cadeiras de “boteco”, daquelas doadas por cervejarias, atendendo
em mesinhas de “boteco”, isto no período incansável das 08 da manhã até ao meio
dia, brincadeira! Que empresa privada tem tal atendimento? Nem as bancas de
“jogo-do-bicho”, até mesmo a marginalidade do trafico trata seus clientes com
mais eficiência do que o que vi hoje pela manhã.
Pior, foram as desculpas dadas pelo
secretário da pasta, que nem sei de onde saiu, um engomadinho destes recém
saídos dos concursos públicos, ou talvez contratado pela atual gestão, destes
que não sabem o que é pobreza, exclusão social, limitação funcional, fome, e
outras carências. Pois, estes engomadinhos tiveram berços que os possibilitaram
não passarem pelas fraquezas destes mortais que vivem de fila em fila, chegaram
aos seus cargos porque foram privilegiados por virem de famílias abastadas, por
terem elevado “QI” (Quem indica), e agora fazem parte deste processo do monstro
social que devora o cidadão. É bem verdade, que nem todos os funcionários
públicos fazem parte desta milícia dominantes da máquina pública, há muita
gente do bem e que pensa nos seus patrões (o povo), antes de pensar em si
mesmo.
Com ênfase no seu trabalho, o engomado
destacou a criação de um aplicativo, porque agora o “boom” do momento, para
enfatizar que o sujeito é preparado pa administração de qualquer coisa, ele tem
que possuir o destaque de ter criado o “aplicativo”, que não passa de uma forma
de transferir para o coitado do usuário a responsabilidade do fracasso. Se nada
der certo é porque ele não sabe usar o aplicativo, não sabe baixar o
aplicativo, não sabe instalar o aplicativo, não sabe acessar o aplicativo, o
celular não tem capacidade para rodar o aplicativo, a internet não suporta o
aplicativo, a internet está travando o aplicativo, a empresa que criou o
aplicativo não destravou o aplicativo, o site da hospedagem do aplicativo está
com problemas, e por ai vai...
Os próprios funcionários
atendentes, não conseguem administrar o tal aplicativo, imagina as pessoas que
nem sabem ligar um computador, mal dão conta de falar ao celular? Transferir a
responsabilidade de atendimento aos próprios usuários, é o mesmo que o
empregado dar as ordens ao patrão.
Chega!!!
Já deu!!
Está passando da hora de mudarmos o
rumo desta proza... A população deve pronunciar-se em favor destes cidadãos que
não podem mais viverem escravos destes arranjos ineficazes dos governos
federais, estaduais e municipais.
Sei que minha fala é quase nada
neste labirinto de abuso que se tronou a máquina pública, mas, ainda que não
possa resolver tudo, poderei ser ouvido por alguém que, no futuro ou no
presente, muito poderá fazer pelo povo que tanto precisa!
Temos pressa, ajude o povo do seu tempo e o povo dos tempos seguintes!
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