segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Destruidores de casamentos

RAPOSINHAS DESTRUIDORAS
“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor” 
Cantares 2:15

Ao longo dos anos que vivi a dois, construímos um relacionamento repleto de momentos felizes e também momentos tristes, isto para ambos os lados. Nos dois tivemos o que reclamar um do outro, e acredito que também temos o que considerar de positivo no outro.
Agora, depois de uma forte tempestade que faliu minha condição humana de uma mudança, estou novamente tentando aprender a viver só. Acredito que estou mais maduro para pensar sobre o viver a dois, creio que minha solidão, meus fracassos e minha luta contra mim mesmo, estão construindo em mim alguém mais forte e mais seguro do significado de um relacionamento a dois, sadio e duradouro.
O casamento é um momento único na vida de uma mulher e de um homem. Um momento em que os sonhos se tornam realidade, as expectativas se realizam, um momento mágico do sonho tão esperado de ser desposada, e de assumir uma mulher.
Isto, segundo Salomão, homem que experimentos setecentos casamentos e ainda tinha trezentas concumbinas (I Re. 11), foi por ele descrito como um vinhedo em flor. Um jardim maravilhoso. No final de sua vida suas aventuras amorosas perverteram seu coração e o sábio tornou-se tolo e agiu de forma desobediente a Deus. Exemplo que não deve ser seguido.
Mas Salomão descreve a relação amorosa como o cuidado que se deve ter com os vinhais em flor, para que sejam frutíferos e produtivos.
Deve-se empenhar em prestar atenção, pois, as raposas, as raposinhas, estão ávidas para desolar, destruir o sonho a magia, o encanto deste ato. Atacam sorrateiramente, aos poucos, quase de maneira imperceptível, até destruirem o lindo jardim, o vinhal promissor e transforma-lo em desolação e tristeza.
Este momento é um contrato para toda vida. Não deixem que o incidente da devastação, os ataques das raposinhas assolem os vinhais em flor. Mantenham-no!

Como poderia descrever as raposinhas destes vinhais?
Trazemos algumas idéias pre-concebidas e que se tornam um dogma matrimonial. Isto torna-se regra na relação conugal e quando menos esperamos estamos vivendo uma relação que está vinculada muito mais pelo conceitos dogmatizados do que pela motivação real e ideal. E bem verdade, que a manutenção a qualquer custo destes costumes formam um certo conjunto de “obrigações” que devem ser mantidos para exemplo aos mais jovens, como sustentáculo dos costumes herdados.
Um exemlo disso é a idéia que o casamento é um sacramento ordenado por Deus e que somente a Igreja tem poder para unir, e uma vez unido somente a Igreja poderá desfazer a união punindo definitivamente o divorciado a pena de convívio em adultério e exposição ao adultério. Estamos percebendo que existem bilhões de matrimônios que foram contraídos fora da Igreja institucional (Cristã Católica Romana e Cristã Católica Protestante), de cada tribo, povo, nação,etc, se tomar-mos por base o dogma sacramental do matrimônio cristão, então para sermos justos, teríamos que considerar relação adulterina qualquer matrimônio ou normas matrimôniais adotadas por povos e suas culturas que não estão debaixo da nossa crença.
O que fazer com a população cada vez mais crescente que se casa pelo contato físico, pelos interesses, pela obrigação, pelo medo, por revelação mentirosa, etc? Serão obrigados irem até a morte. Não é o que pensamos, mas é o que cremos, praticamos e somos obrigados a defender. Quando um acidente da falência conjugal acomete alguém, não temos preparo para aceitar e dar credibilidade a alguém que sucumbiu diante dos desafetos de uma relação mal resolvida.
Mas não são somente nosso preconceitos que nos conduzem aos acidentes conjugais. Existem muitas coisas que decorrem desta concepção sacramental e que podemos assumir um posto vigilância. No linguagem de Salomão são as raposinhas que devoram os vinhais. Relacionei algumas que creio, devemos atentar.


1. A ideia que o matrimônio dá ao outro o direito de propriedade. O casal, por entender erroneamente que são donos um do outro passam a exercer uma possessividade doentia. Para combater a possessividade é preciso adotar o sentimento de  COMPANHEIRISMO e não de proprietário(a).
2. A idéia que o matrimônio exige uma obrigação de manter a aparência de fidelidade. Só Deus sabe o que se esconde por trás deste juramento de fidelidade. A fidelidade porem, deve começar pela LEALDADE, sem a lealdade a fidelidade nada é, nada pode.Ser fiel é o juramento, ser leal é ser fiel.
3. A idéia que as atitudes conjugais e familiares são muito mais exigências impostas, comportamentos obrigatórios e não a ACEITAÇÃO do outro como ele é.
4. A atitude de imposição do ego sobre o outro. O poder de mando, a impostação da vontade até mesmo com gritos e palavras ferinas, em detrimento da RENUNCIA e de um proceder, no mínimo, educado.
5. A impostação da soberba, quando forçosamente impomos nossa vontade sobre o cônjuge, com superioridade, e nos esquecemos da HUMILDADE, e que sendo humildes que conquistamos o coração, a soberba tão somente trará uma conquista falsa e hipócrita, mas a humildade conquista o coração.
6. A competição entre as partes em lugar da AMIZADE. Desenvolver a amizade é um dos melhores investimentos desta vigilância, pois haverá tempo no casamento que somente um forte relacionamento de amizade poderá mantê-lo.
7. A vingança em lugar do PERDÃO. Este sentimento é o grande responsável por destruir a amizade, um comportamento vingativo, palavras vingativas, amargas, rancorosas, destroem, mas o perdão constrói e reconstroi.
8. A arrogância em lugar da PIEDADE.. A piedade é a aquele sentimento e comportamento submisso, recíproco, fiel a Deus, a arrogância é o oposto, irredutível, asqueroso, impostado, temperamental. Quantos casais abrem falência do matrimônio por causa da arrogância, uma medida de piedade faria a diferença.
9. A intemperança em lugar da SERENIDADE. Nada conseguimos na vida com explosões de humor. Quando explodimos estamos afastando, mesmo tendo razão. A intemperança não é o mesmo caminho da serenidade.
10. A Cobrança em lugar da GRATIDÃO. Pense bem no que seu marido fez por você, pelos seus, pelos filhos. Antes de exigir, cobrar, “jogar na cara”, pois haverá circunstâncias que ele dependerá de você, mas, procure expressar gratidão ao invés de cobrar. Isto vale pra ele também.
11. O Desencontro em lugar do ENCONTRO. Encontrar é um momento lindo na vida pessoal do casal. Encontrar-se e dividir os momentos do lar, do trabalho, da Igreja, do lazer, etc. Quando estamos querendo fazer as coisas sozinhos, estamos com algum problema por ser resolvido.
12. O individualismo em lugar da AJUDA e COMPAIXÃO. Quando não permitimos que o outro participe das nossas decisões, não permitimos a entrada em nosso mundo pessoal. Lembre-se que os casados tornam-se os dois uma só carne, são fundidos um ao outro existencialmente.
13. A crítica em lugar de CONFIANÇA. A crítica faz parte da vida como errar faz parte do processo humano. Mas saber criticar para o bem é privilégio de poucos. Às vezes criticar seja apenas demonstrar confiança, e a partir desta conquista fazer as observações com amor e consideração pelo outro.
14. O desprezo em lugar da ADMIRAÇÃO. Sentir-se desprezado pelo seu cônjuge é o pior de todos os sentimentos. O desprezo até pode vir dos outros, mas vindo do companheiro (a), é como beber um cálice amargo. Ser admirado pelo parceiro(a) nos torna fortes para resistir as “outras” admirações, e isto fará diferença na lealdade quando for requisitada.
15. A ausência em lugar de PRESTÍGIO. Viver ausente é também concordar com algo, porém não acompanhar. Se você escolheu alguém pra viver acompanhe-o, mostre com sua linguagem de corpo, presença, o quanto você prestigia esta pessoa.
16. A indiferença em lugar da PROXIMIDADE. Quantas vezes passamos sobre coisas importantes na vida e para a vida dos outros e nunca sequer emitimos um elogio. Quantas vezes tivemos a oportunidade de aproximação e nunca aprendemos a lição, continuamos indiferentes e frios. A indiferença nos afasta, o interesse nos aproxima.
17. A conformidade impia em lugar da SANTIDADE. Estaremos sempre entregues ao desastre da conformação com os valores do mundo, ao invés de buscarmos os valores divinos. Lembremo-nos que o convívio a dois é santo, sua base relacional é a santidade, e a santidade é um referencial divino.
18. A comodidade em lugar da CRIATIVIDADE. É fácil acomodar-se, principalmente quando tudo está bom. A criatividade é uma iniciativa, pro-ativa, em direção a algo novo, que seja bom, prazeroso, sem ferir ou anular os compromissos fundamentais para a felicidade mutua e com Deus. Ser criativo é ser sempre novo.
19. A hipocrisia em lugar da VERDADE. O hipócrita, antes de mais nada, em sua essência é um ator, um criador de máscaras. Ninguém consegue viver sendo hipócrita o tempo todo, ninguém consegue conviver com a hipocrisia por muito tempo. Por isso, a verdade é fundamental na vida a dois. Não se case por qualquer hipocrisia, um dia ela será cobrada.
20. O rancor em lugar do AMOR VERDADEIRO. O rancor é aquele sentimento escondido, guardado nos porões do inconsciente, reprimidos, raízes de amarguras que se fixam na alma humana e que de vez em quando brotam e destroem a pessoa e tudo que está em sua volta. O amor verdadeiro é antes de mais nada aquele sentimento que destrói os rancores, as amarguras dentro de nós. O amor verdadeiro ele precisa ser vivido interiormente, nunca tente demonstrar amor verdadeiro sem que primeiro ele tenha arrancado suas raízes de amargura e seus rancores de dentro da sua alma. Quando isto acontecer, o amor verdadeiro será simplesmente a expressão física natural que você demonstrará, sem precisar falar coisa alguma. Assim como Jesus por nós demonstrou na cruz sem jamais ter feito qualquer reclamação pelos nossos pecados. O falso amor é aquele que não venceu o interior, é aquele obrigatório imposto, teatral, hipócrita, caiado por fora, porém um podre sepulcro por dentro. Não amemos de palavra, mas de fato e de verdade.(I João).

Não deixem que as raposas e as raposinhas assolem o vosso jardim, vossos votos, vossa união.
Não espere que o amanhã te permita dizer “Ah! Se soubéssemos e tivéssemos praticado tudo isto, talvez tudo teria sido diferente...” 
Inicie hoje mesmo uma prática de vigilância 24hs, impeça os inimigos da sua lavoura, dos seus vinhais em flor, dos seus jardins, da sua família, da sua vida, se aproximem e os destruam. Seja firme, seja forte e vença seus inimigos.

Com amor,
REVW