sábado, 28 de julho de 2018

REFORMA 500 ANOS -Um olhar sobre os nossos desafios



REFORMA 500 ANOS
Um olhar sobre nossos desafios



RESUMO DO ARTIGO
Depois do evento do pentecostes, descrito no livro de Atos, a Reforma Protestante, sem dúvida, foi o acontecimento que mais revolucionou o pensamento religioso desde os primeiros anos da igreja cristã. 

A pergunta é: Como estamos hoje, diante das atuais vertentes da espiritualidade? Que caminhos podemos tomar para permanecermos reformados em meio a um mundo em conflito e constantes mudanças?


Introdução

“Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá pela fé.” - Romanos 1:17

Estamos a 500 anos da reforma protestante e do período renascentista. Um dos períodos da história em que mais se acentuou a emancipação do pensamento e a busca pela liberdade de descobrir e conquistar. Contudo, continuamos descobrindo, conquistando e sendo desafiados a existirmos dentro da esfera de fé proposta por Deus, nas Escrituras.
As conquistas com origem no período renascentista, em todos os sentidos, promoveu um ambiente favorável ao construtivismo do homem, nas artes, nas ciências, comércio, politica, etc.

Na religião, como não poderia deixar de ser, um grupo do cristianismo até então "católico romano", liderados por Martinho Lutero, um Cônego católico, impetrou 95 teses contrarias ao catolicismo vigente, ato que desencadeou inúmeros efeitos na sociedade alemã e posteriormente alastrou-se por todo continente europeu, mesmo porque, além do cansaço religioso imprimido pelo catolicismo, parte da nobreza e principalmente os governos, encontraram na reforma protestante uma oportunidade de se livrarem do jugo católico romano, que, a mais de um milênio predominava sobre o império cristão no mundo medieval.

Esta virada religiosa, teológica, promoveu nos séculos vindouros uma reviravolta em todos os setores da vida humana, dando luz a uma modernidade repleta de descobertas, bem como de constantes mudanças ideológicas e políticas. Um mundo religioso reformado em constantes mudanças e reformas.



Breve histórico da Reforma

A pré-reforma
Desde PEDRO VALDO (1140-1220), bem sucedido comerciante de Lyon – França, no século XII, que encomendou uma bíblia para linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Seus seguidores foram conhecidos como “valdenses” negavam a supremacia do catolicismo e não praticavam a idolatria. Foram perseguidos e se reuniam clandestinamente mesmo após a morte de Pedro Valdo.
“Pré-reforma” é o período em que se reconhecem os vários movimentos anteriores à Reforma protestante do sec. XVI. A “pré-reforma”, situa-se entre o período de 1300 a 1500 AD, em que está fundamentada a tentativa de buscar um retorno da igreja aos ideais do Novo Testamento. Uma busca pela fidelidade às Escrituras Sagradas. Estas tentativas foram lideradas por JOÃO WYCLIF (1328-1384) na Inglaterra; JOÃO HUSS (1373-1418) na Boêmia (Atual república Tcheca) condenado a ser queimado em fogueira; e, GIROLAMO SAVANAROLA (1452-1498) na região de Padânia na Itália, condenado ao enforcamento. Ainda contando com os esforços dos irmãos “Lolardos” no final do sec. XV na Inglaterra, tendo como principal representante John Wycliffe (1328-1384), advogavam a pobreza apostólica, a taxação das propriedades da Igreja católica, negavam a transubstanciação em favor da comsubstanciação. Também, os irmãos “Morávios” da Boêmia, denominação religiosa com os princípios de unidade cristã, unidade pessoal, na música e nas missões. Seu nome oficial é “Unitas Fratum”, de onde procede também a Confissão de Augsburgo.

Estes nomes e movimentos foram emblemáticos para o desenvolvimento da reforma protestante, as correntes e amarras do catolicismo que detinham o verdadeiro evangelho redentor de Cristo Jesus começavam a serem rompidas. Tendo um custo muito alto, pois a oposição pré-reformada, seus métodos, pregação e modo de vida, ameaçava diretamente o controle espiritual e político exercido pela igreja cristã ao longo de quase milênio e meio.

A reforma Luterana
Martinho Lutero (1483-1546), monge alemão, foi quem deu início a uma série de protestos e contestações aos dogmas da Igreja Católica. No dia 31 de Outubro de 1517, afixou na porta da Igreja da catedral do castelo de Wittemberg, as 95 teses que se opunham aos vários dogmas da doutrina católica.

Estas teses de Martinho Lutero condenavam de forma veemente as indulgências e a venda de indulgências, que, de acordo com Lutero, a salvação do homem e sua vida com Deus, dar-se-ia somente pela fé e pelos atos decorrentes da fé, praticados em vida pelo fiel. Ainda condenava o culto à imagens, missa intencional aos mortos, papismo, obrigação do celibato, etc. (Para melhor esclarecimento, consultar Ed. JUERP - “Documentos da Igreja Cristã” H. Bettenson, pp 232-238).

Em 16 de abril de 1521, a Dieta de Worms, convocada pelo imperador Carlos V, Lutero foi convocado para retratar-se das suas 95 teses, ele não só defendeu e reiterou suas teses como mostrou a necessidade da reforma da Igreja Católica, dando início formal ao sistema religioso e teológico chamado “Luteranismo”. Lutero resistiu aos burgueses, porém teve grande apoio de monarcas e príncipes de sua época.

A reforma na Suíça
Na Suíça, os cantões alemães do norte, aderiram à reforma sob a liderança de Ulrico Zuinglio (1484-1531), e posteriormente a convite de Guilhaume Farel (1489-1565), João Calvino (1509 -1564) que estava em Basiléia, foi residir em Genebra e administrar a cidade, e por força dos “libertinos” foi exilado em Estrasburgo. Após exilio(1538-41), Calvino retorna a Genebra onde permaneceu até sua morte em 1564, e Teodoro Beza (1519-1605), ocupou seu posto dando continuidade à reforma na Suiça.

Este período foi duramente marcado pelos conflitos radicais reformados e promovidos pela contra-reforma. O misticismo, os libertinos, racionalistas, anabatistas, anti-trinitarianistas, arminianos, etc. Formavam os setores em oposição ao calvinismo vigente, cujo ensino baseava-se na soberania total de Deus, nas Escrituras sagradas como única fonte de revelação para conhecimento de Deus, e da salvação através da Doutrina da Predestinação.

O resumo do seu ensino é conhecido como “TULIP”, (Os “cinco pontos do calvinismo”: Depravação total; Eleição incondicional; Expiação limitada; Graça irresistível e Perseverança dos santos - Total Depravit – Unconditional Election – Limited Atonement – Irresistible Grace – Perseverance of the Saints / TULIP).
Calvino ensinava ainda, que o trabalho justo e honesto é valorizado, sendo que o progresso pessoal, advindos deste trabalho, é um dos indícios da vida de um predestinado para a salvação.

A expansão da Reforma Protestante
A reforma já estava plantada na Escandinávia a partir de 1513, alastrou-se para a Holanda em 1523, para a Inglaterra a partir de 1528, onde se destaca o rompimento com o catolicismo, por Henrique VIII (1491-1547). Na Escócia com John Knox (1513-1572) que liderou a confissão dos seis “johns” ordenada pelo parlamento escocês em 1560, até que em 1592 o presbiterianismo tornou-se oficial no país. Na França (1559), onde os calvinistas foram conhecidos como “Huguenotes”.

Em 1557 na Irlanda, e em 1560 chega a Hungria. Com o descobrimento da América do norte e sua colonização pela Inglaterra, as igrejas advindas do ambiente europeu em expansão da reforma (Luteranos, Calvinistas Anglicanos, Presbiterianos, Reformados Holandeses, Lolardinos e Morávios puritanos), chegaram também no novo continente americano do norte. Na América do Sul, observa-se a presença histórica de huguenotes e reformados holandeses no território brasileiro, colônia de Portugal, até o sec. XIX, quando aportou em terras brasileiras (12/08/1859), o primeiro missionário presbiteriano, Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867).


Breve análise da Reforma Protestante
“A antiga verdade que Calvino, agostinho e o apóstolo Paulo pregaram, é a verdade que também eu devo pregar hoje, do contrário, deixaria de ser fiel à minha consciência e ao meu Deus.” - C.H Spurgeon

A Reforma Protestante não só fixou na Alemanha sua base, mas desencadeou um processo de reformas religiosas em que se destacaram inicialmente de conformidade com a ênfase teológica e política adotada nas regiões que abraçaram o protestantismo. O caule protestante deu origem a vários ramos desta reforma, alguns “ismos” formam o caule da árvore reformada, sendo o Luteranismo, Calvinismo, Anglicanismo, Anabatismo e Presbiterianismo.

Além destas ênfases interpretativas que entre si distinguiam-se, a Reforma religiosa foi duramente atacada pelo movimento da Igreja Católica Romana e seus tribunais da inquisição, cujo objetivo era desfazer o avanço dos ideais do protestantismo, não somente em sua influência eclesiástica, mas também política e ideológica em todo o continente europeu por onde a Reforma Protestante havia se alastrado. Este movimento de defesa do catolicismo, é o que denominamos de “contra-reforma”.

Embora seja um movimento tão importante para o cristianismo, não podemos espiritualizar a reforma e torna-la um movimento possível de ser repetido em sua íntegra, como também não podemos fazer repetir o evento acontecido no pentecostes em Jerusalém, descrito em Atos 2. Por outro lado, não há como ignorar o movimento reformado.

Além de importantes ênfases na história moderna, na teologia, filosofia, na vida missionária e evangelizadora da igreja cristã, principalmente na colonização do continente da americano e estruturação sociológica, o movimento reformado não parou. A fé reformada se dinamiza e se reforma a cada mudança que acontece no mundo.

Lamentavelmente, as novas tendências teológicas que são produzidas pelo pensamento do cristão contemporâneo, tem ignorado lentamente os marcos da reforma protestante e da fé reformada. Trocados por marcos contemporâneos utilitaristas e pragmáticos, em que a teologia produzida, está voltada ao culto do homem e seus interesses, deixando à parte o Deus soberano revelado nas Escrituras. Cada vez mais mergulhamos numa sociedade corrompida em seus princípios éticos, civis, morais e religiosos.

A vida contemporânea, do século XXI, influenciada desde estes primórdios, pela emancipação renascentista, mudou vertiginosamente. Tanto o pensamento religioso, quanto o pensamento filosófico e sociológico sofreram fortes impactos desde então.

A espiritualidade, que era basicamente adoradora, tornou-se utilitarista. A adoração passou a ser uma moeda de negócio onde o ser divino paga em troca da adoração com benefícios financeiros e de saúde física. Isto é mais que o pagamento de uma indulgência, é um comercio onde se facilita a venda de benefícios espirituais, tendo estes, um câmbio próprio, criado pelos donos das indulgências para obtenção destes “favores”, através desta transação espiritual onde a graça deixa de ser "graça" (favor imerecido) e passa a ser “troca”.

A liberdade religiosa, praticada a partir da reforma protestante, conduziu-nos a um caos exegético e hermenêutico presente nos discursos dos radicalismos extremistas no universo evangélico. De uma lado um grupo extremamente ortodoxo que sustentam um culto ao saber institucional. Do outro lado aqueles que desconsideram o saber a procura de um experiencialismo anarquista, pragmático e amante do poder emergente das massas.
Um duelo onde o verdadeiro evangelho agoniza e se mantem apenas com a pregação da Fé somente, das Escrituras somente, de Cristo somente, da Graça somente, num ambiente desafiador, onde somente a Deus deve ser dada a glória.

O pragmatismo por sua vez, dispõe de uma rica prateleira de produtos sincréticos espirituais, de origem nos costumes culturais, religiosos, e mesmo aqueles descritos nas escrituras sagradas, buscando nas religiões animistas e fetichistas o apelo popular, objetivando alcançar o maior número de adeptos. Nesta junção de pensamentos religiosos, pela impostação de seus intentos, procuram ainda, tirar proveito financeiro para a construção de verdadeiros impérios religiosos, erigidos sobre a sugestão e o condicionamento psicológico dos seus métodos de ensino e controle de massas.
Com esta “nova” formula religiosa, os pretensos “protestantes evangélicos”, ressuscitam o catolicismo medieval e regressam ao tempo das indulgências ( “Indulgência” vem do latim “indulgentia” ou gentileza. Significa a remissão total ou parcial de penas temporais devidas à justiça divina. Uma indulgência oferece ao pecador penitente meios para cumprir esta dívida durante sua vida na terra, ou reparar pecados no purgatório. (INDULGÊNCIA / Wikipédia.org), vendidas ao povo para obtenção de riquezas. Um mercado de fé onde são comercializados curas e prosperidade.

Mas a fé reformada genuína, não cederá ao mercado do comércio religioso, praticado e explorado, isto, em conformidade com a palavra do apostolo Pedro em sua segunda carta: “E muitos seguirão suas práticas libertinas, e por causa deles, será inflamado o caminho da verdade; também movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles, o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.” ( II Pedro 2:2,3).

Uma canção produzida por irmãos comprometidos com a fé reformada, chamada “Falso véu”, assim exprime para nossa reflexão:
“Quem é que pode te garantir,
Que esse seu jeito de servir a Deus,
Seja o melhor, seja o mais leal,
Um padrão acima do normal.
De onde vem tanta presunção
De ser mais santo, de ser capaz
De agradar a Deus, crente nota dez
Superior acima dos fiéis.
Pobre este sentimento que não vem dos céus
Fraco discernimento, frágil, falso véu
Tenta encobrir em vão teu lado animal.
Luta perseguição, tanto desejo mau
Confusão, divisão.
Se alguém quer mesmo agradar a Deus
Saber das coisas compreender
Mostre em mansidão de seu caminhar
Ser gentil no gesto e no olhar
E a diferença que existe em nós
Poeira feita do mesmo chão
É somente o amor, que nos alcançou
Graça imensa, imenso favor.” 
(Guilherme Keer Neto e João Alexandre – “Vencedores por Cristo” / Album “Viajar” 1989)


Um olhar sobre os nossos desafios
Portanto, como ver a fé reformada dentro da sociedade atual?
Nossa sociedade está em situação muito confortável em relação à sociedade europeia do sec. XVI. Globalização, informática, automóveis, aeronaves, alimentação, vestuário, saúde, avanço científico, astronômico, etc. tudo à nossa volta tende a gerar um indivíduo confortável em seu “modus vivendi’, um sujeito radicado no estado de emancipação pessoal que dispõe de um conforto não compatível com a mensagem do evangelho pregado pelos reformadores. Propor uma reforma em uma sociedade humanista e fragmentada como temos hoje, é sem dúvida um grande desafio. Creio que a sustentabilidade da fé reformada no mundo contemporâneo se apoia especialmente numa fé confessional e histórica, que se contrapõe à fé emergente e experiencialista.

Temos contudo, como cristãos reformados, um grande desafio confessional, de vivermos uma conduta cristã condizente com as doutrinas sãs, que aprendemos nas Escrituras sagradas. Uma confissão apostólica alinhada com as bases reformadas da Fé somente, da Escritura somente, de Cristo somente, da Graça somente, e somente a Deus a Glória. Viver estas doutrinas cristãs sem nos valermos de práticas animistas e supersticiosas.

Temos o desafio de dedicar um culto teocêntrico, onde o Deus trino seja Senhor em seu trono, e nós, mais que expectadores, sejamos adoradores e servos.

Temos o desafio de ensinarmos Palavra de Deus de forma ética, como produto de uma hermenêutica que leva em conta o “todo” das escrituras e não somente partes isoladas da Bíblia Sagrada.

Temos o desafio do alcance social como consequência de um “discipulado” sério, onde o comportamento individual, familiar e sociológico, sejam oriundos de um aprendizado constante do Cristo revelado nas Escrituras. E então, quem sabe, ainda veremos um grande líder reformado no administrativo em nosso país, ou em outros países do mundo.

Temos o desafio de não cairmos na tentação do protestantismo evangelicalista, pragmático, gospel, utilitarista, “desigrejado” (Hábito verificado a partir da década de 70 causado pela insatisfação institucional e pela procura de libertação religiosa dos chamados “sem igreja”), que está longe da fé reformada, do lado oposto, talvez a mesma distância do catolicismo. 

Lembremo-nos que a reforma não é um movimento da busca pelo homem, ou mesmo pela prosperidade e satisfação dos desejos humanos, mas do reconhecimento da glória divina, que opera no homem uma mudança interior pela fé em Cristo, que se reflete no seu comportamento, como fruto de um ensino criterioso da Palavra de Deus.

Temos um desafio escatológico, que nos expõe diante de um mundo sutil e enganador, em que o risco do engano poderá afetar até mesmo a idoneidade dos escolhidos de Deus, e por causa deles, o tempo será abreviado.
“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve, desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos, serão abreviados aqueles dias. Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos”
(Mateus 24:21-24)

Observe que “aflição” predita por Jesus neste texto, não se refere às perdas sofridas pela igreja cristã durante as primeiras perseguições impostas pelos Judeus e mesmo as perseguições do império romano durante os primeiros anos do cristianismo, que levaram milhares ao martírio. Trata-se de uma aflição intelectual, emocional e volitiva, um desespero. Gente sendo enganada pelo surgimento de uma falsa epistemologia, um falso ensino, falsa fé que depende do “crédito” religioso e filosófico, falsos “cristos” ou seja “enviados”, “mediadores”; falsos “profetas” ou seja, “pregadores”, “novos apóstolos”, “novos mediadores”. Estes, operariam “grandes sinais” ou seja, “milagres”, “realizações”, “mudanças sociais”, etc. E Jesus, ainda nos descreve a dimensão deste “poder” concedido ao ministério do engano, “se possível, enganariam até os escolhidos.” Isto é algo realmente assustador!

O que mais aguardamos acontecer para que tenhamos cautela com os variados tipos de ventos doutrinários a que somos expostos?
Tenhamos cuidado, pois vivemos assediados pelo engano incessantemente. Se por um lado a reforma protestante beneficia o pensamento e a liberdade de expressão e interpretação, por outro, ao longo dos seus quinhentos anos, ela desencadeou heresias destruidoras, verdadeiros abusos teológicos, frutos de um pensamento exegético anarquista e de uma hermenêutica utilitarista e dominada pelo mal.

Levantemos o estandarte da fé genuína, da graça salvadora, de Cristo, único Mediador. Sigamos a marcha dos reformadores, com o olhar fixos firmemente em Jesus, autor e consumador de nossa fé.


Conclusão

Após meio milênio, a fé reformada, continua desafiada a prosseguir, com os mesmos estandartes que sustentaram os reformadores, e muito antes deles, foram sustentados com a firmeza e obediência de Cristo descrita nos evangelhos, com a resignação dos primeiros irmãos citados em Atos dos apóstolos, com a fidelidade e zelo do apóstolo Paulo às igrejas e pastores em suas cartas, com o critério e a esperança cristã presentes nas epístolas gerais e no Apocalipse, encorajando-nos a “combater o bom combate, completar a carreira e guardar a fé” (II Timóteo 4:7).

Com a mesma firmeza e resignação destes heróis da fé, dos mártires por Cristo, seguiremos reformados, sustentando a fé reformada10, até que volte nosso Senhor.

A fé reformada está sustentada em cinco “solas”. SOLA Fide (Somente a Fé); SOLA Escriptura (Somente a Escritura); SOLO Christus (Somente Cristo); SOLA Gratia (Somente a Graça); SOLI Deo Gloria (somente a Deus a Glória)

Quando em 15 de Junho de 1530, na entrada do imperador de Roma em Augsburg, um dia depois comemorava-se a festa de “corpus Christi”. Os príncipes reformados (protestantes), negaram-se obedecer a ordem do imperador de participarem da procissão. Este foi um ato de coragem, mas também de perigosa desobediência.
Este fato, fez com que outros príncipes, que ainda vacilavam e tinham dúvidas quanto ao curso da reforma, se unissem em assumir do documento elaborado por Felipe Melanchtom (1497-1560), que viria tornar-se a primeira confissão reformada, chamada de “Confissão de Augsburg”.

Entendo que este detalhe da história seja importante para que também nos posicionemos diante dos clamores da nossa presente geração. Para que, o evangelho autêntico de Jesus, na sua pureza e simplicidade, em sua harmonia com o “todo” das Escrituras, recuse-se obedecer os rumos impostos pela mídia pós-moderna. E, que nos mantenhamos firmes na autêntica fé, que se propaga graciosamente, para alcançar os corações dos nossos queridos irmãos de pátria. Que as família sejam em tudo fortalecidas, para que tenhamos uma sociedade sólida cujos valores sejam engrandecidos, e não, corroídos. Para que sejamos um país verdadeiramente “abençoado por Deus”, reconhecendo que somente a Ele é entregue todo domínio, honra, glória e poder.

Unamo-nos cristãos! Preservemos nossa história, preservemos nossa fé reformada!



Consultas

A Bíblia de Estudo da Reforma – SBB/2017
Bettenson, H – Documentos da Igreja Cristã Ed. JUERP / 1983
Braga, Rev. Ludgero – Manual dos Catecúmenos – CEP / 1971
Cairns, Earle E. – O Cristianismo através dos Séculos. Ed. Vida Nova / 1981
Schalkwijk , Rev. Francisco Leonardo – Apostila de História da Igreja / SPN
Fergusson, Everett – História da Igreja Vol. I, II – Editora CGospel
Nichols, Robert Hastings – História da Igreja Cristã. 14ª edição. Editora CEP
Wikipédia.org



Nota de gratidão
Ao Deus eterno, único sábio e invisível.
A minha esposa Zêila, pela companhia, prestígio e encorajamento no ministério.
Aos nossos filhos e netos, bênçãos de Deus em nossas vidas.
À minha irmã Ruth, pela correção metodológica.
Aos meus pais e familiares.
Ao rebanho que o Senhor providenciou para que possa servir na pregação e no ensino.
Aos amigos e irmãos em Jesus.






Rev. Walter de Sousa
Pastor auxiliar da 2ª Igreja Presbiteriana de Uberlândia.
Congregação Presbiteriana Setor Sul 
walterdesousaart@gmail.com
revws.blospot.com.br